terça-feira, 9 de novembro de 2010
Enquanto isso, na Rua da Loucura ...
Noite Fora do Eixo na Rua da Cultura, desta vez com atração internacional, então vamos lá, mesmo sendo uma segunda-feira, o “Dia Internacional da preguiça” (A Rua da Cultura é um evento gratuito, Ponto de Cultura do Minc, e acontece às segundas-feiras para que seu horário não se choque com o de outros eventos culturais da cidade).
Nunca tinha ouvido falar de Falsos Conejos, a banda argentina que se apresentaria naquela noite. Baixei o disco, gostei, toquei no programa de rock. É o chamado “Math rock” que, segundo a Wikipédia, “é um gênero musical que surgiu em fins da década de 1980 com influências do Punk rock e do Rock progressivo. A composição musical é bastante complexa, incorporando métricas incomuns em seu ritmo, tido como matemático, daí o nome, Math rock (literalmente rock matemático). Os instrumentos geralmente sendo tocados em bases atonais ou politonais e nem sempre sincronizados. São acompanhados da voz, quando presente, alternando entre o ritmo calmo e gritado.”
No caso dos argentinos, não há voz, é uma banda instrumental. Como também é instrumental a outra banda convidada da noite, A Banda de Joseph Tourton, do Hellcife. Perdi, mas ok, já os tinha visto há pouco tempo na edição de Salvador do Festival No Ar: Coquetel Molotov.
Vi os Falsos Conejos, na íntegra. Bom, mas pra falar a verdade, esse tal de math rock, post rock, ou o que quer que seja isso, é chatinho pra cacete. Ok, você fica lá acompanhando as melodias, mas chega uma hora que se cansa e a musica passa a ser segundo plano, trilha sonora para o que está acontecendo à sua volta – no meu caso, os impagáveis diálogos nonsense de algumas das mais célebres criaturas que povoam a noite Aracajuana, RAS, Bilal, Doris, Cana Brava, Jason e Cia. Ltda.
Teve também a Mamutes, de quem eu gosto muito, mas nesta noite em especial a bruxa estava à solta e vários problemas técnicos interromperam a apresentação por diversas vezes, o que esfriou o público e me fez ir embora, já que terça-feira é “dia de branco” e a noite já estava avançada. Saí, no entanto, com a sensação de que, problemas à parte, os mastodontes mexerem um pouco demais nos arranjos de alguns de seus clássicos, que estão sendo executados num andamento diferente, mais cadenciado, com a guitarra mais “percussiva”, como bem observou meu amigo e conterrâneo Maicon “Stooge”. Curti muito não, mas boto fé na pegada dos caras, terei uma opinião melhor embasada em algum futuro show menos “tumultuado” – porque assistir a qualquer show do lado das criaturas que estavam ao meu lado é sempre complicado, os caras sempre roubam sua atenção. Ras, em especial, estava numa noite inspirada, berrando a plenos pulmões o que ele entendeu das letras das musicas do show da 120 Dias de Sodoma que ele tinha visto no youtube. Vou tentar reproduzir, abaixo, alguns dos brilhantes diálogos que foram travados naquela noite:
RAS, para mim: Adelvan, tava assitindo ontem lá em casa aquele show da banda de você, Bilal e Silvio no youtube. É massa, especialmente aquela que fala (berrando a plenos pulmões) “PEGA A MINHA R=#@, LAMBE O MEU SACO.
Bilal interfere: “que nada, massa é a letra de “Nas profundezas da b8%$# de Shera – Meretriz, mulher de putifar, meretriz, chupa p+*&# e bebe g@#*+/A suástica tatuada/no seu lindo pilão/foi melada de p&%$#+/da p@#$%* do negão!” – Bilal é co-autor da letra.
RAS, mudando de assunto: Adelvan, você ainda não assistiu “Lua Negra”? Porra, cara, como é que eu coloco em sua mão o melhor filme de todos os tempos e você não viu ainda? LUA NEGRA É DO CARALHO !!!!!!!!
NOTA: “Lua negra”, filme de 1975 de Louis Malle, uma releitura de Alice no país das Maravilhas, é a nova obsessão de RAS, ele só fala nisso.
Todos ao redor: “puta que pariu, filme ruim da porra, vai se f=*&#, RAS” – parece que todo mundo já assistiu, por livre e espontânea pressão, menos eu, que continuo a ser pressionado e cobrado a cada vez que encontro nosso camarada Renato.
RAS, mudando de assunto de novo: “você viu a ultima postagem do blog de Clark Bruno? Ele fala que aqui em Sergipe ta cheio de viado, porque aqui se tem a idéia de que o cara que come o viado não é viado, só o que recebe, quando na realidade os dois são viados, um passivo e o outro ativo. Como Já&$#*+, que um dia eu vi trepando com J@#&+
Já&$#*+, interrompendo: Vai se fuder, RAS, vc viu porra nenhum
RAS, a plenos pulmões: VI SIM, VOCÊ TREPANDO COM O NEGO J@#&+ VOCÊ É CROSSDRESSER !
Eu: e quem era o ativo ?
RAS: Já&$#*+,
Eu: Ah, menos mal, Já&$#*+,
Carol: quem é esse Nego J@#&+
RAS: Era um negão neonazista estuprador e caloteiro. Você é muito novinha, não é desse tempo não.
RAS, gritando: NÃO TEM NENHUMA MULHER SOLTEIRA A FIM DE F*&%$# HOJE NÃO ? TOU DISPONÍVEL !!!
Bilal, gritando para os Falsos Conejos: MUERTE A TODOS LOS ARGENTINOS. MUERTE A TODOS LOS ESPANHOLES.
Pouco depois lá estava ele tentando conversar com o baterista, e saem os dois juntos
RAS a plenos pulmões: VAI DAR PRO ARGENTINO, É, BILAL ?
Pouco depois volta Bilal com um CD dos Falsos Conejos.
“10 reais, quer comprar?”, oferece.
E assim segue, a noite inteira.
Patrocínio: Pitu.
A.
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