segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Histórias de Amor duram apenas 90 minutos.

Está em cartaz na Sessão Cine Cult do Shopping Jardins (Aracaju), diariamente às 14:00h, o filme que se revelou a grande surpresa da última virada cinematográfica, mesmo tendo sido o último a ser exibido, por volta das 4 da matina. Não por acaso, foi a primeira vez que eu não dormi na derradeira sessão do evento, sempre composto por 3 filmes em sequencia tendo um delicioso café da manhã como “grand finale” - e olha que por lá já passaram grandes fitas, como “Gomorra” e “Soul kitchen”.

“Histórias de Amor Duram Apenas 90 Minutos”, do diretor Paulo Halm, é mais uma pequena obra-prima do cinema nacional que passa batida pelas telas dos nossos cinemas, provavelmente engolida pelos blockbusters, tanto americanos como nacionais (leia-se “Globo Filmes”) que inundam as salas dos multiplexes. Dizem que as comédias têm sido a salvação da lavoura do cinema nacional nos últimos anos, em termos de bilheteria, o que é a mais pura verdade. Mas, a despeito de algumas boas de se ver despretensionsamente, como “Os Normais 2” e “A Mulher Invisível” (que se sustenta basicamente pela impagável atuação de Selton Melo), é quase sempre aquele pastiche televisivo produzida pelo braço cinematográfico da onipresente “Vênus platinada”, nossa “teletela” tupiniquim. Há, no entanto, como sempre, boas exceções, desconhecidas do grande público principalmente por não contar com o suporte de mídia que as produções globais têm. "Histórias de Amor" é uma delas.

O filme conta a divertidíssima história de Zeca, um escritor frustrado - muito bem interpretado por Caio Blat - que queria ser quadrinhista mas resolve escrever um romance por pressão do pai, um apaixonado por livros - e autor de algumas frases antológicas como “problema com mulher chega a ser quase um pleonasmo” ou “e eu lá sou homem de citar Paulo Coelho?”. Vítima de uma crise criativa, não consegue passar da página 50. Aos poucos sua frustração vai se refletindo em seu relacionamento com Julia, vivida pela bela Maria Ribeiro, ao ponto de ele começar a imaginar que ela o está traindo com a ainda mais bela (na verdade incrivelmente deliciosa) Carol, sua melhor amiga, na “vida real” a argentina Luz Cipriota. No filme ela também interpreta uma argentina, só que mais carioca, em termos de comportamento “padrão”, que o casal protagonista, que são “da gema” mas daquela estirpe mais “intelectual”, que não dispensa mas também não faz muita questão de ir à praia ou a rodas de samba em botecos “pé sujo”.

A partir daí acompanhamos uma série de encontros, desencontros e situações hilárias numa história muito bem contada, com um “timing” perfeito e roteiro enxuto. Interessante notar que o que o personagem de Caio não tem a capacidade de pensar para o seu livro ele imagina o tempo todo em sua vida "real" - como por exemplo a suposta relação inexistente entre sua namorada e a "cariocargentina". Quando ele consegue finalmente acabar com tudo de bom que existe em sua própria vida e não conseguia enxergar ou mesmo valorizar, seu bloqueio criativo desaparece.

Excelente.

por Adelvan

Abaixo, entrevista com Luz Cipriota, publicada no Blog do filme em fevereiro de 2010:

Luz Cipriota fala um pouco sobre sua experiência no filme Histórias de amor duram apenas 90 minutos. Luz é argentina, tem 25 anos e foi dirigida por Gael García Bernal no filme Déficit (2007). ”Histórias de amor…” é seu primeiro trabalho no Brasil.

Fale um pouco de sua experiência em trabalhar no Brasil?
Trabalhar no Brasil pra mim foi uma experiência incrível. Para falar a verdade, eu nunca imaginei que pudesse trabalhar neste país, porque eu nem falava português. Foi tudo muito rápido, a oportunidade apareceu, amei o roteiro e tomei a decisão de fazer esse filme, o que para mim era um desafio. Em poucos dias tive aulas de português e viajei para o Rio para começar a filmagem…

Como é sua personagem?
Minha personagem (Carol) é uma argentina que mora em Santa Teresa há dois anos. É dançarina e estudante de arte, aluna da Julia (Maria Ribeiro). Carol é quase a mais carioca de todas as personagens. Adora ir à praia, sambar na Lapa a noite inteira e anda de lambreta de cá pra lá… É uma garota que está vivendo experiências novas em outro país, conhecendo pessoas, aproveitando pra ser ela mesma. Quando conhece Júlia, personagem da Maria Ribeiro, ficam muito amigas, e é quase sem planejar que se envolve com seu marido, Zeca (Caio Blat). Nesse momento a historia começa…

O filme trata de um suposto triângulo amoroso. Há cenas de muita intimidade entre os personagens. Caio e Maria são casados, o que facilita a ação, mas você não os conhecia antes das filmagens. Foi difícil fazer essas cenas?
Na verdade, desde o primeiro dia a Maria e o Caio foram muito, muito legais comigo. Além de serem ótimos atores, com muita experiência, são pessoas maravilhosas. A gente falou sobre essas cenas e elas não foram mais difíceis que outras. Nós três, juntos, trabalhamos cuidadosamente essas cenas para que ficassem de verdade e não tivesse nenhum problema. Foi um prazer trabalhar com eles. Cuidaram de mim e aprendí muito com eles.

Como surgiu o convite para trabalhar no filme?
Minha agente me falou um dia que estava em contato com uma produtora que procurava uma atriz argentina para um filme falado em português. No começo achei que ia ser difícil de fazer, mas esperei para ler o roteiro e deixar que minha intuição me ajudasse na decisão. Fiquei apaixonada pelo roteiro e já não tinha opção, tinha que aceitar o desafio. Fui para o Rio por três dias para conhecer a produtora (Heloisa Rezende), o diretor (Paulo Halm), Caio e Maria. Quando vi o quão profissionais eles eram, não tive dúvidas que ia ser um filme incrível e que ia ser para mim um grande crescimento como atriz.

Você acompanha o cinema brasileiro?
Antes de fazer o filme não tinha visto muito cinema brasileiro, mas quando aceitei trabalhar nessa produção, comecei a assistir a muitos filmes. Acho que eu estava perdendo um cinema de muita qualidade! Nos festivais aproveitei para assistir aos filmes brasileiros e na Argentina procuro filmes brasileiros, porque eu gosto muito!

Você esteve no Festival do Rio em 2009 e no Festival de Cinema de Santa Maria da Feira. Como foi a receptividade do público com o filme?
Ter a oportunidade de viajar para os festivais foi mágico. No Rio foi a primeira vez que vi o filme e estava muito nervosa e ansiosa. Mas a história está tão bem contada e a resposta do público foi tão legal, que fiquei orgulhosa. O trabalho do diretor e da produtora foram ótimos. No Festival de Santa Maria da Feira a gente ganhou o prêmio do público. Acho que é o melhor prêmio que a gente poderia ganhar, porque são as pessoas que votam e elas acharam que foi o melhor filme do festival. Ouvir o público rir e sair feliz do filme é uma alegria imensa.

Quais são seus próximos projetos?
Agora estou protagonizando uma novela na Argentina (Herencia de Amor) que é sucesso aqui, e tenho algumas propostas para trabalhar em filmes argentinos quando terminar. Mas, além disso, eu gostaria muito de voltar para o Brasil e continuar trabalhando lá. É uma porta que se abriu em outro mercado e estou apaixonada pelo Rio de Janeiro e sua gente. Eu gosto muito do cinema brasileiro e já sinto que o Rio é meu segundo lugar…

Fonte: Assessoria de Imprensa.

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