sábado, 1 de maio de 2010

Jovem é uma merda

Brinco com essa coisa de estar ficando velha, mas a verdade seja dita: jovem é uma merda.

Acha que sabe de tudo sem ter vivido nada. Acha que pode mudar o mundo, mas se rebela com as causas erradas. Não lê o que os professores indicam só de pirraça. Acha graça e se diverte com as coisas mais imbecis do universo, enquanto the real fun passa ao lado e o cara não saca. Enfim, uma merda.

Eu sei, eu seeeeeei, cada coisa em seu tempo e tal. É claro que, assim como a juventude, a maturidade tem lá suas perdas e ganhos.

Mas, se pudesse ter escolhido, gostaria de viver agora algumas experiências que vieram cedo demais. Como não adianta chorar o leite derramado, me esforço pra rir da minha tragédia (sim, estou exagerando).

Já tive o privilégio de sair do Brasil uma meia dúzia de vezes e, entre idas e vindas da memória, vez por outra me recordo com dificuldade das visitas que fiz a verdadeiros templos da cultura do mundo. Moma, Museu de Belas Artes de Boston, Museu de Historia Natural, Opera House, Museu de Ciencia de Vancouver, e por aí vai.

Alguns mais bem aproveitados que outros. Mas certamente foram todas experiências muito mais sensoriais que intelectuais, haja visto que a ultima vez que saí do país já tem mais de 10 anos.

Uma das provas que guardo comigo de que subaproveitei essas oportunidades foi a lembrança que me motivou a escrever esse post e que agora já tenho cara de pau suficiente para assumir.

Quando completei 16 anos fiz um intercâmbio de curta duração em Vancouver, no Canadá. Tudo lindo e maravilhoso. Pois bem. Uns oito anos depois, encontrei no meio da minha bagunça o único album de fotos que fiz por lá.

Qual não foi minha suspresa ao me deparar com uma determinada foto em que apareço em frente a um prédio pomposo e majestoso de cujas colunas se penduram uns banners coloridos belíssimos.

Lembrei na hora o contexto da foto. Não entrei no prédio. Achei o jardim em frente bonito e pedi que tirassem a foto. Era bem perto de onde estudava e tive todos os dias para entrar lá, mas não tive curiosidade suficiente.

Ao examinar com mais cuidado o tal retrato quase tenho um infarto do miocárdio. O prédio era da Galeria de Arte da cidade (Vancouver Art Gallery) e o banner colorido era nada menos que a Marilyn de Andy Warhol, sinalizando a exposição que estava em cartaz.

Como eu falei. Jovem é uma merda.

por Maíra Ezequiel

Muito Má










Um comentário:

  1. Ainda bem que comigo foi o contrário: aproveitei cada minuto do pouco contato que tive com as obras do MASP, que adorava e da fervilhante cultura que visitava o Brasil em SP quando podia fugir da escravidão em que vivi ali.
    Discordo da autora: ainda hoje, os poucos amigos que tenho são gente com menos da metade da minha idade: devo ser um caso perdido. Porquê? Sao rebeldes e sonham.

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