Ontem foi um dia de festa em Moscou, capital da Rússia: completaram-se 65 anos da rendição dos nazistas, em 1945. É o Dia da Vitória na Grande Guerra patriótica, que é como eles chamam a Segunda Guerra Mundial.
A importância da participação da União Soviética no conflito é subestimada na maioria dos livros de História do ocidente - uma herança da Guerra Fria, muito provavelmente. A História, afinal, é escrita pelos vencedores, e como a coalizão que venceu Hitler rachou imediatamente após o fim da guerra, é natural que a contribuição do ex-aliado, então inimigo, fosse revista. Mas a verdade é que foram os russos que venceram, de fato, a guerra, pelo menos na Europa. Há quem diga, inclusive, que o famoso Dia D, a invasão dos aliados ocidentais à Normandia, foi planejado mais para deter o avanço soviético sobre a Europa do que para expulsar os nazistas, a esta altura do campeonato já irremediavelmente derrotados.
Para o cidadão comum do ocidente, os judeus (que, não por acaso, têm uma forte presença em Hollywood, esta verdadeira fabrica de difusão cultural e ideológica), foram o povo que mais sofreu nas mãos da máquina de guerra nazista, mas a verdade é que, sem de forma alguma desmerecer a memória do sofrimento do povo judeu com o Holocausto, foram os russos as maiores vítimas da guerra. Isto é fato, atestado pelo impressionante número estimado de mais de 20 milhões de mortos. Foram vítimas de uma guerra de extermínio, e talvez por isso mesmo tenham sido tão bravos na resistência e tão devastadoramente vitoriosos. Venceram APESAR de Stalin, e não graças à sua liderança, como conta a História oficial da União Soviética. Os soviéticos foram pegos de surpresa pela invasão alemã, a operação Barbarossa, muito provavelmente porque o ditador realmente acreditou no cumprimento de pacto de Não-agressão por parte de Hitler – não contava, provavelmente, com a força do ódio cego que o comandante nazista nutria pelo regime bolchevista e pelos povos eslavos em geral, que ele planejava exterminar por completo ou escravizar. Além do mais, o exército vermelho estava profundamente desestruturado pelos expurgos comandados por Stalin em seus quadros alguns anos antes. Apesar disso, o povo russo, que já havia resistido às tropas de Napoleão, mais uma vez superou a terrível adversidade e saiu-se vitorioso. Por isso, quando vejo as imagens das paradas militares comemorativas à data em Moscou, me emociono, porque vejo nelas não apenas a demonstração de força de um império autocrático (coisa que, definitavamente, também é), mas a lembrança de um povo guerreiro que ousou tomar em suas mãos seu próprio futuro e, com isso, inaugurou uma nova era na História da humanidade. É evidente que não é possível ignorar os terríveis erros cometidos nos rumos da revolução e de tudo que a sucedeu, mas é justamente isso que me faz ter uma admiração pelo povo russo e sua história. Eles, pelo menos, tentaram e, em parte, como no episódio da vitória na guerra, conseguiram.
A.
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( Wikipedia ) A Grande Guerra Patriótica foi o nome pelo qual ficou conhecida a Segunda Guerra Mundial para os povos da União Soviética. Com forte viés ideológico, a definição tinha por objetivo incutir na mente dos povos integrantes da URSS a ideia de que o combate com os alemães significava uma guerra em defesa da pátria, nesse caso, o Estado Soviético. Por outro lado, juntamente com outras ações políticas, a definição tinha por objetivo alçar a figura de Stalin como o supremo líder e guia dessa pátria.
As comemorações e o significado da vitória na guerra, pela qual a URSS pagou um preço alto, tanto em termos humanos como materias, foram sempre profundamente marcadas na consciência dos povos das repúblicas soviéticas. O "Dia da Vitória", ou "День Победы" - "Den' Pobiedy", era, junto com o Primeiro de Maio - Dia do Trabalho, um dos dois principais festejos populares na URSS. O episódio permanece importante para os russos devido às imensas perdas humanas sofridas no conflito, inclusive após a queda do regime soviético. É raro encontrar algum cidadão das ex-repúblicas soviéticas cuja família não tenha perdido um ente próximo na guerra.
Embora o significado das batalhas entre Alemanha e URSS tenha sido enormemente relativizado no mundo capitalista pós-guerra, por conta de questões ideológicas próprias da Guerra Fria (quando não era mais conveniente ressaltar qualidades positivas do antigo aliado soviético), a chamada frente oriental foi onde aconteceram as mais ferozes batalhas da Segunda Guerra Mundial, com as maiores perdas civis e militares da história. Na resistência contra a Wehrmacht, o Exército Vermelho mostrou excepcional tenacidade e capacidade de reorganização e aprendizagem.
Apesar das imensas perdas humanas e materiais, e das brutais atrocidades cometidas contra o povo soviético pelos alemães nazistas, que lhe causaram a morte de quase 27 milhões de seres humanos, simplesmente por pertencerem a um estado comunista e serem eslavos (uma sub-raça na concepção nazista); e devido à ideologia do Lebensraum ( um espaço vital que os " arianos" alemães deveriam obter no leste da Europa às custas dos povos eslavos, considerados subumanos pelos nazistas), a URSS foi a única nação da guerra a ser invadida territorialmente pela Werhmacht (então o maior, melhor treinado, mais bem equipado, e mais eficiente exército do mundo, cujos vários feitos em eficiência e versatilidade em campo permanecem inigualados até hoje) a ser capaz de se reorganizar e, sem rendição ou acordos colaboracionistas (como o do “Governo de Vichy”, na França), resistir, combater, e efetivamente rechaçar as forças alemãs para fora de seu território sem tropas externas atuando conjuntamente (como na recuperação da França, por exemplo, que precisou de ajuda maciça de tropas Britânicas, Americanas e Canadenses) e, mais importante, seguir um curso de vitórias até a capital da Alemanha, terminando, na prática, a guerra. Poucos dias depois do suicídio de Hitler em Berlim - já completamente ocupada pelo Exército Vermelho - as forças alemãs assinaram sua rendição incondicional.
É consenso entre a grande maioria dos historiadores e países que participaram da guerra que a URSS desempenhou papel decisivo na derrota da Alemanha Nazista. Tanto que o Exército Vermelho recebeu diversos elogios do presidente dos Estados Unidos Franklin Delano Roosevelt e do Primeiro-Ministro Britânico Winston Churchill. Este último, na conferência de Teerã ( Teerão/PE) presenteou Stalin em nome de Sua Majestade britânica, com uma bela espada cravejada de joias em honra à vitória militar soviética em Stalingrado. O ditador, que parecia sempre ser uma esfinge aos seus parceiros da conferencia, frio, desconfiado e distante, derramou uma discreta lágrima.
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01/05/2010 - 11h49
Comunistas protestam em Moscou contra desfile de tropas da Otan
da Efe, em Moscou
Milhares de comunistas saíram neste sábado às ruas de Moscou para protestar contra o desfile de tropas aliadas do próximo dia 9 na Praça Vermelha, que lembrará os 65 anos da vitória sobre a Alemanha nazista.
"Permitir a entrada de tropas da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] na Praça Vermelha é uma humilhação para os veteranos da Grande Guerra Patriótica', disse hoje Gennady Ziuganov, líder comunista russo, em referência à parte soviética da Segunda Guerra.
Em discurso, Ziuganov acusou expressamente o primeiro-ministro Vladimir Putin de convidar os soldados da Otan a desfilar contra o "sagrado" mausoléu de Lenin, fundador da União Soviética.
Numa das maiores manifestações comunistas dos últimos dez anos, os saudosos da URSS conduziram hoje em Moscou uma grande marcha entre a Praça de Outubro, onde está a estátua de Lenin, e a Praça do Teatro, em frente ao monumento dedicado a Karl Marx.
"As tropas da Otan que bombardearam o Iraque e a antiga Iugoslávia não têm o direito moral de pisar na Praça Vermelha", assegurou à Agência Efe um porta-voz do Partido Comunista Russo.
Os comunistas apontam a Otan como "um agressivo bloco militar antirrusso", que não abandonou a ideia de se expandir até as fronteiras da Rússia.
Ao contrário de outras ocasiões, entre os manifestantes foi possível ver muitos jovens, que erguiam cartazes com palavras contra o Kremlin e o Ocidente.
O Kremlin confirmou esta semana que soldados de Estados Unidos, Reino Unido, França e Polônia, todos membros da Otan, desfilariam pela primeira vez na Praça Vermelha.
A Rússia se propôs a celebrar em grande estilo este ano o 65º aniversário da derrota de Hitler. Os eventos terão a presença, entre outros líderes, da chanceler alemã, Angela Merkel, do presidente francês, Nicolas Sarkozy, e do primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi.
A parada terá mais de 11 mil soldados e cerca de 300 equipamentos militares, entre mísseis intercontinentais, baterias antiaéreas, carros blindados, caminhões, aviões e helicópteros.
O Kremlin retomou em 2008 os desfiles militares com mísseis intercontinentais e armamento pesado na Praça Vermelha, suspensos após a queda da URSS.
Segundo estatísticas oficiais, mais de 26 milhões de soviéticos, sendo quase nove milhões de soldados do Exército Vermelho, morreram durante a Segunda Guerra Mundial.
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09/05/2010 - 08h07
Rússia realiza desfile militar pelo 65º aniversário da vitória sobre nazistas
da Efe, em Moscou
O tradicional desfile militar por causa do dia da vitória sobre a Alemanha nazista, que completa neste domingo 65 anos, foi realizado na praça Vermelha de Moscou.
É a primeira vez que tropas de países da Otan desfilam na parada militar, a poucos metros das muralhas do Kremlin.
Depois que o ministro da Defesa, Anatoli Serdiukov, passou revista às tropas, e o presidente, Dmitri Medvedev, pronunciou seu discurso da tribuna, o hino russo foi entoado, acompanhado de salvas.
Na cerimônia, que durou 72 minutos, participaram 10.500 soldados russos e cerca de mil representando os Estados da pós-soviética Comunidade dos Estados Independentes, assim como dos Estados Unidos, do Reino Unido, da França e da Polônia.
Além disso, circularão sobre a praça Vermelha 159 veículos militares, entre carros de combate, blindados, peças de artilharia autopropulsadas, sistemas antiaéreos e plataformas com mísseis.
Abrirão passagem nove lendários tanques T-34 e serão exibidos também foguetes tático-operacionais Iskander-M, sistemas de defesa aérea com mísseis S-300 e S-400, plataformas de lançamento múltiplas de foguetes Smerch e plataformas móveis com mísseis balísticos intercontinentais Topol-M, a arma mais temível do arsenal russo.
Fecham a parada orquestras militares de Estados Unidos, Reino Unido, França e Rússia.
Participam da cerimônia 3.000 veteranos, cerca de 200 procedentes de outros 24 países. Entre os líderes estrangeiros presentes estavam a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente israelense, Shimon Peres, e o dirigente chinês, Hu Jintao.
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Tropas de quatro países membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) marcharam pela primeira vez na Rússia na parada anual que marca a vitória na Segunda Guerra Mundial.
Soldados da Grã-Bretanha, França, Polônia e Estados Unidos marcharam neste domingo ao lado de tropas russas na Praça Vermelha, em Moscou. A chanceler alemã Angela Merkel estava entre as dezenas de líderes mundiais participando do aniversário de 65 anos da vitória.
Além de 10 mil soldados russos e das tropas estrangeiras, a parada também incluiu tanques, mísseis balísticos e o voo de 127 aeronaves. Essa foi a maior demonstração do poder militar russo desde o colapso da União Soviética, segundo o correspondente da BBC em Moscou, Richard Galpin. O presidente russo Dmitry Medvedev disse em um discurso que as lições da Segunda Guerra Mundial "nos urgem a mostrar solidariedade". "A paz ainda é frágil e é nosso dever lembrar que guerras não começam em um instante", disse. "É apenas juntos que deveremos conseguir combater as ameaças modernas."
Visitas canceladas - A presença de tropas estrangeiras na Praça Vermelha - que um dia foi o coração da União Soviética - foi um gesto altamente simbólico, demonstrando até que ponto a rivalidade da Guerra Fria foi superada, segundo o correspondente. Um membro do Exército britânico disse à BBC que seu batalhão estava animado de fazer parte da parada, pois é importante que os antigos aliados que derrotaram os nazistas estejam juntos no aniversário de 65 anos do fim da guerra.
Nenhuma autoridade britânica, no entanto, estava entre os líderes mundiais que assistiam ao desfile. Uma fonte confirmou à BBC que o governo russo recusou a oferta de participação do Príncipe Charles, mas a razão não está clara. O presidente francês Nicolas Sarkozy e o italiano Silvio Berlusconi cancelaram suas visitas para poder lidar com a crise envolvendo o euro.
Os aliados ocidentais marcam a vitória sobre os nazistas na Europa todo dia 8 de maio, mas a Rússia celebra o evento um dia depois, quando ocorreu a rendição nazista em Moscou.
bbcbrasil.com
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O que está sendo comemorado hoje, domingo 09 de Maio, em toda a Federação Russa e em outros lugares, é um evento singular e único: homenagear os 26 milhões de cidadãos soviéticos que fizeram o último sacrifício de qualquer ser humano, reunindo em torno da figura colossal de Stalin, que conseguiu galvanizar a sua nação para salvar não apenas a sua Pátria, mas o mundo inteiro, do jugo da tirania fascista.
Nos bastidores, como de costume, são tentativas de desviar a questão principal e tirar o foco daquilo que está sendo comemorado: a questão central é a magnífica contribuição feita pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas em derrotar o pior flagelo que o mundo tinha visto em séculos, e ao fazê-lo, oferecendo um dos mais tremendos sacrifícios humanos. Cerca de vinte e seis milhões de homens e mulheres soviéticos deram suas vidas abnegadamente na luta contra a tirania fascista e racista desencadeada pela arrogância do regime nazista em todo o continente europeu.
As forças deste templo de racismo e intolerância encontraram na Frente Oriental um inimigo resoluto, a URSS, onde o governo de Stalin já tinha preparado a indústria para uma economia de guerra, muito antes das primeiras tropas alemãs terem violado as fronteiras da União Soviética, a lançar a Operação Barbarossa em 22 de Junho de 1941. Cerca de 75% das vítimas sustentados pelo Wehrmacht foram na frente oriental, numa batalha titânica que, além das enormes perdas humanas, devastou quase 2.000 cidades e vilas soviéticas, 70.000 aldeias e lugarejos, 84.000 escolas, 60.000 km de ferrovias, 43 mil bibliotecas, 40 mil hospitais, 32 mil instalações industriais e 2.500 igrejas.
O preço pago pelas cidades da União Soviética, de norte a sul, de leste a oeste, foi tão enorme como foi a sua contribuição heróica à causa. Leninegrado perdeu 1,5 milhões de almas num cerco brutal de 900 dias. Quando Hitler virou para sul até Estalinegrado (Julho de 1942 - Fevereiro 1943), Moscou já tinha vencido e repulsado a Operação Tufão do invasor (Setembro 1941 - Abril 1942). Seguiram-se Kursk (Julho-Agosto 1943), culminando na massiva Operação Bagration de Junho de 1944, a maior concentração de tropas e equipamentos em toda a campanha, um pico de brilho militar e estratégica, que minou a força do invasor.
É este último sacrifício humano, que é comemorado na Praça Vermelha e em outros lugares, hoje, o 65 º Aniversário do Dia da Vitória, num evento que conta com a participação de 25 líderes estrangeiros, entre eles a Chanceler alemã Angela Merkel e o Presidente francês, Nicolas Sarkozy. Os embaixadores britânicos e americanos também estão presentes.
As tentativas de minar o foco da celebração - Como de costume, há agendas políticas accionadas para desvirtuar o foco principal do evento, insultando o espírito e a memória daqueles que deram suas vidas para que a Europa e o resto do mundo poderiam viver em paz e liberdade. A controvérsia está centrada em torno da figura de Estaline. Vamos, então, de uma vez por todas, abordar este problema. Não se pode contemplar incidentes isolados na história, sem os vectores sócio-econômicos e de desenvolvimento que lhes deram forma e, em seguida, colori-los completamente fora de contexto, revisando-os décadas depois através de óculos cor-de-rosa, usando-os para providenciar combustível para agendas pessoais e políticas.
É verdade, houve atos atribuídos a Iosif Vissarionovich Dyugashvili, o secretário (georgiano) do Partido Comunista da União Soviética, que só podem ser descritos como lamentáveis e inaceitáveis. No entanto, concentrar-se nos incidentes em um só país (a URSS), sem atribuir qualquer importância oriunda dos vectores políticos, sociais e comunitários, é igualmente inaceitável. E então os massacres espanhóis na América Latina? E os massacres contra os nativos americanos pelos britânicos e norte-americanos? E a invasão das terras dos povos indígenas nos E.U.A. para que colónias de anglo-saxónicos descritos na altura como “racialmente superiores” pudessem ser estabelecidas? E o envio de soldados indianos pelos britânicos às câmaras de gás para testar os efeitos do gás mostarda? E a revolta indiana de 1857, e os massacres britânicos posteriores neste país? Que tal o descaso assassino de Churchill para a vida humana na Primeira Guerra Mundial? E os massacres de Oliver Cromwell, ainda festejado como um herói por muitos no Reino Unido, na Irlanda? E Sabra e Shatila? Onde é que a bola vai parar e sendo assim, quem tem o direito moral de opinar?
Estaline está incluído nestas comemorações, porque ele era o líder supremo da União Soviética, foi o ponto focal em torno do qual as nações se reuniram: "Za rodinu, za Stalina!" ("Para a Pátria. Para Estaline!")
Aqueles que tentam depreciar sua importância demonstram uma ignorância chocante sobre o fato de que seus programas de industrialização tornaram possível a União Soviética travar a guerra numa base sustentável. Vendo a nuvem no horizonte, Estaline comprou tempo com o Pacto de Não Agressão Molotov-Ribbentrop, em Agosto de 1939.
Contudo, até então, o programa de industrialização iniciado por Estaline tinha estabelecido mecanismos que deram ao país a capacidade de produzir mais tanques do que todo o resto da Europa. Além disso, o programa de ordenamento do território da União Soviética tinha assegurado que, mesmo depois de perder cerca de metade de suas unidades industriais para o Wehrmacht, a URSS passou a produzir em 1942 cinco vezes mais tanques do que a Alemanha. Além disso, o modelo industrial adotado na União Soviética era baseado no modelo civil/militar, em que as fábricas civis eram facilmente adaptáveis para a produção militar.
Comemorando com amigos e aliados - O facto que Angela Merkel pode estar lado a lado e num clima de amizade com os representantes russos, franceses, britânicos e dos E.U.A., entre outros, diz tudo sobre quanto o mundo mudou desde 1945. Hoje, esses países têm muito mais em comum do que pontos de divergência e podemos descrever-nos como amigos, e não inimigos. É corretoq que comemorem o 65º Aniversário do Dia da Vitória juntos, porque foi realmente um esforço coletivo, no qual a contribuição da União Soviética é historicamente ignorada pelos escritores revisionistas históricos atuando como agentes provocadores. Mas um esforço em conjunto, foi sim. O programa Lend Lease dos EUA providenciou cerca de 11 bilhões de dólares em ajuda e equipamentos para a URSS (embora parte de péssima qualidade), juntamente com o programa Alívio de Guerra EUA-Rússia e Cruz Vermelha Internacional.
A frente no Norte da África aberto pelas forças militares norte-americanos, britânicos, e forças imperiais e coloniais britânicos foi importante para dividir as energias do Wehrmacht e o apoio por parte da aviação norte-americana ao Reino Unido de 1941 em diante foi vital para manter o tecido industrial da Alemanha na defensiva, atrasando a sua programas de produção de armas superiores até que fosse tarde demais para que pudessem fazer a diferença.
A abertura da segunda (ou terceira) Frente na Europa Ocidental, demorou tanto que Marechal Georgii Konstantinovich Zhukov, em desespero, disse que "O Diabo que os leva", mas quando veio, demorou menos de um ano antes que os exércitos dos aliado se encontravam a celebrar juntos.
É este espírito de colaboração que estamos celebrando hoje e, felizmente, com os alemães presentes em torno da mesma mesa, agora como amigos. Se nós podemos perdoar, se não esquecer, o passado e seguir em frente, talvez todos nós possamos aceitar a nossa história de uma vez por todas, sendo orgulhosos e eternizando os pontos positivos, enquanto analisamos o mal, e recusando-nos a usá-lo para servir agendas políticas e pessoais, esforçámo-nos a nunca mais o repetir.
Desta forma, o livro da história fornece uma lição, e não uma causa.
Timothy BANCROFT-HINCHEY
Director e Chefe de Redacção
PRAVDA.Ru
Versão portuguesa
Lisa KARPOVA
09.05.2010
PRAVDA.Ru
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O holocausto comunista
Vencedora do prêmio Pulitzer, Anne Applebaum mergulhou nos arquivos secretos da URSS para mostrar os bastidores de um regime assassino
Por Alexandre Petillo
Edição de Sérgio Gwercman
A jornalista Anne Applebaum começou a desconfiar que alguma coisa estava errada quando percebeu um número crescente de jovens usando camisetas com símbolos soviéticos, em especial a foice e o martelo. Foi aí que ela se perguntou por que as pessoas toleram e até aceitam um regime cruel como o comunismo da União Soviética enquanto desprezam veementemente o nazismo.
Ex-correspondente da revista The Economist na Europa Oriental, Anne teve acesso aos arquivos oficiais, até então secretos, do comunismo soviético. Entrevistou sobreviventes e analisou documentos até desembocar no livro Gulag, a History ("Gulag, uma História", inédito no Brasil ), que devassa a máquina de matar montada pelo stalinismo. O livro narra a história dos campos de trabalho soviéticos e descreve o dia-a-dia desses lugares – e todas as atrocidades cometidas em nome da foice e do martelo. Com Gulag, Anne ganhou o Pulitzer de 2004, mais importante prêmio do jornalismo. De Washington, onde é colunista e integrante do conselho editorial do jornal The Washington Post, a jornalista falou com a Super.
O que exatamente era o Gulag?
É uma abreviação em russo para "Administração Central dos Campos". Um nome burocrático para o órgão que administrava todos os campos de trabalho.
Quem foi o responsável pela criação desses campos?
Os czares já tinham pequenas colônias de trabalho forçado. De certa forma, a União Soviética se construiu sobre essa tradição. Stálin sempre admirou a utilização de trabalho forçado por Pedro, o Grande, durante a construção de São Petersburgo. Mas o gulag era um fenômeno bem diferente, bem maior, com milhões de pessoas. O maior campo, Kolyma, era seis vezes mais extenso que a França. O gulag se tornou parte considerável da economia soviética e ícone central da ideologia do regime. Cidades inteiras foram construídas pelos prisioneiros, assim como quase todas as estradas da Sibéria, aeroportos e campos de petróleo.
É possível comparar o gulag a um campo de concentração nazista?
O gulag durou muito mais tempo, atravessando ciclos de enorme crueldade e relativa humanidade. Os campos nazistas duraram menos e tiveram menos variações: simplesmente se tornaram cada vez mais cruéis até que os aliados venceram a guerra. O gulag tinha vários tipos de campos, desde as letais minas de ouro de Kolyma, onde 3 milhões de pessoas morreram, até os "luxuosos" institutos secretos, nos arredores de Moscou, onde cientistas prisioneiros construíam armas para o Exército Vermelho.
A definição de "inimigo" era muito mais enganosa que a definição de "judeu" na Alemanha nazista. Salvo pequenas exceções, nenhum judeu poderia mudar seu status e escapar com vida do nazismo. Enquanto milhões de prisioneiros soviéticos temiam morrer – e milhões morreram –, não existia nenhuma categoria particular cuja morte era garantida. Alguns poderiam provar seu valor e trabalhar em empregos confortáveis, como engenheiros ou geólogos, em que tinham a integridade preservada.
Os campos de concentração eram verdadeiras fábricas de cadáveres. Pouquíssimas pessoas faziam trabalhos forçados – a maioria das vítimas era mandada diretamente para as câmaras de gás e depois cremada. Esse tipo de assassinato não teve um equivalente soviético. Mas, é claro, a União Soviética encontrou maneiras de matar milhões de cidadãos. Normalmente, eles eram levados até florestas, recebiam um tiro na cabeça e terminavam em túmulos coletivos. A polícia secreta usava "emanações exaustivas", espécie primitiva de gás mortal, como os nazistas faziam antes de ter as câmaras de gás. Prisioneiros também morriam por negligência. Eram mandados para cortar árvores durante o inverno e morriam de frio. Trancados em celas punitivas, morriam de fome. Doentes eram largados em hospitais sem aquecimento e comida. Os campos soviéticos não foram criados para produzir cadáveres em massa – no entanto, acabaram produzindo.
Você disse que as definições de "inimigo" no regime soviético eram elásticas. Qual era, então, a razão que a polícia secreta encontrava para prender pessoas?
Era possível ser preso por qualquer razão. Durante ondas de terror maciças, o regime prendeu todo mundo que parecia suspeito. Se alguém contava uma piada política, ia para a cadeia. Se fosse descendente de estrangeiros, também. A maioria dos presos eram trabalhadores e camponeses de origem russa. Nem todos tinham praticado crimes políticos. Milhões eram chamados de presos criminais. Só que chegar atrasado ao trabalho, por exemplo, era considerado crime pelas autoridades.
Por que as potências do Ocidente não agiram contra esse regime?
Os crimes de Stálin não incitavam a mesma reação visceral que os de Hitler. Outro ponto é que o comunismo soviético tornou-se menos repressivo com o tempo. E as informações não vazavam. Ninguém sabia o que acontecia na União Soviética. Nenhuma câmera filmou os campos do gulag ou suas vítimas. E a imagem move a cultura ocidental. Sem imagens, nada atormentava nossas mentes.
Havia também o conceito que o ocidente fazia do comunismo. Nos anos 30, jornalistas americanos foram enviados para tentar aprender as regras na União Soviética. Um deles, do The New York Times, passou alguns anos por lá e voltou escrevendo que o regime era um sucesso – ganhou um prêmio Pulitzer pela reportagem. O fato de Stálin ser um dos aliados contra Hitler na Segunda Guerra também ajudou a ignorar a verdade sobre a repressão. Chefes de Estado como Roosevelt e Churchill apareciam sempre ao lado dele. No campo das idéias, intelectuais de esquerda apoiaram o regime soviético nos anos 50 e 60. Jean-Paul Sartre voltou de uma viagem para a Rússia, em 1954, declarando que existia liberdade de crítica e imprensa na União Soviética. Seria leviano dizer que ele mentiu. Prefiro acreditar que ele apenas não queria que outros soubessem a verdade.
Os crimes de Stálin foram debatidos à altura da discussão gerada pelo nazismo?
Na Rússia, não existe nenhum monumento nacional em tributo às vítimas. Quase 15 anos depois do colapso do comunismo na União Soviética, o novo regime não instaurou nenhum julgamento, nenhuma comissão de inquérito, nenhuma investigação governamental sobre o que aconteceu no passado, nem mesmo nenhum debate público sobre o assunto. Mesmo abundantes, os livros com as memórias dos sobreviventes do gulag são praticamente ignorados. O presidente da Rússia (Vladimir Putin) é um ex-agente da KGB e freqüentemente lança mão de gírias da polícia de Lênin. Na Alemanha pós-nazismo, as atrocidades ficaram na mente das pessoas. Na Rússia pós-soviética, essas memórias são confusas, com a presença de atrocidades que vieram após o colapso econômico, como penúria e conflitos internos. Essa desinformação é útil para o governo. Os russos não teriam invadido a Chechênia se lembrassem o que Stálin fez com o chechenos. Na Segunda Guerra, os chechenos foram acusados de colaborar com nazistas. Em vez de punir os colaboradores, que realmente existiam, Stálin puniu toda a nação. Colocou homens, mulheres, velhos e crianças em caminhões de gado e soltou-os no deserto da Ásia Central. Metade morreu. Invadir a Chechênia de novo tem o equivalente moral de a Alemanha invadir a Polônia outra vez. Mas poucos russos vêem a situação dessa maneira.
Anne Applebaum
•Tem 40 anos
• Adora ler livros infantis que compra para os filhos – em especial Alice no País das Maravilhas e Dr. Doolittle
• Escreve pelas manhãs, quando tem mais concentração. Se precisa trabalhar à tarde, tira uma soneca de 20 minutos depois do almoço
• É casada com o escritor polonês Radek Sikorski, que conheceu no Muro de Berlim logo após sua queda. “Ele do Oriente, eu ocidental, o muro derrubado... Acabamos ficando juntos”, conta.
bem lembrado...
ResponderExcluirBem...ontem a República Checa venceu a Rússia na final da Copa do Mundo de Hóquei no Gelo (o esporte mais popular na Rep. Checa).
ResponderExcluirTeve uma festa enorme em Praga. É como se fosse a Copa do Mundo de Futebol aí no Brasil. Imagine.
E foi mais uma pequena vingança contra os russos hehehe
Que a URSS foi importante na 2ª Guerra, não ponho em causa. Sem eles a Europa inteira e talvez o mundo teriam sido controlados pelos nazistas. Mas derrotar Hitler foi a única coisa boa que brotou da URSS.
Todos os outros povos eslavos que o digam. Ainda hoje detestam a Rússia.