sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Por um mínimo de respeito para com o artista sergipano

Sergipanos são os cidadãos brasileiros, nascidos em Sergipe, menor estado da federação. Faço parte desta classificação. Nasci, cresci, vivo em Sergipe e produzo Arte.
Atualmente, venho observando com uma mórbida atenção alguns sinais de descaso para com o artista sergipano. O (mal)dito artista sergipano, este que fazem questão de louvar por essas bandas, é tratado em sua terra com descaso.
O Festival Ibero-americano de cinema de Sergipe, Curta-se, promovido pela casa curta-se, mais uma vez se mostra desrespeitoso para com o realizador sergipano. Desde a sua primeira edição, acompanho o festival. Trabalhei em um dos filmes exibidos no primeiro festival e estou aqui novamente participando da 9ª edição como realizador, e percebi que, desde a publicação das obras selecionadas para esta última edição coisas estranhas têm acontecido. O curta-se continua mal em sua organização. Longe de ser um festival firme e maduro com seus 9 anos de existência, continua repetindo erros primários de produção. O que podemos esperar de um festival sergipano que não dá o devido respeito ao realizador e ao público sergipano ?
Dito isto, vamos aos casos: Assim que recebi um e-mail para ir retirar minha credencial na casa curta-se, lá vem o primeiro erro: meu sobrenome trocado na lista de circulação interna para controle das credenciais. Até aí, tudo bem. Um pedido de desculpas resolve o problema. No primeiro dia da mostra de filmes sergipanos, somente um dos vídeos propostos para a mostra foi exibido, com defeito nos créditos - e a mostra de vídeos sergipanos acabou-se aí. Os artistas sergipanos não tiveram seus filmes exibidos, assim como o público que compareceu a fim de apreciar a produção local foi desrespeitado. Na segunda mostra, ocorreu uma coisa que mexeu particularmente com a minha pessoa: senti-me desrespeitado, primeiramente por não ter sido mencionado na abertura da segunda noite, assim como também pela não inclusão do título do meu vídeo na cédula para votação do júri popular. Era como se eu não estivesse ali, ou como se, simplesmente o vídeo não existisse. Sim, eu me senti marginalizado. Não que eu estivesse fazendo questão de ganhar algum prêmio, mas simplesmente pela falta de organização (e consequente respeito) do festival para com o meu trabalho, assim como os dos realizadores que teriam seus trabalhos exibidos na primeira mostra (que só exibiu um dos quatro vídeos programados). Pois bem, vou ser bastante ingênuo ao crer, que pelo tipo de vídeo que eu faço (me dedico inteiramente aos vídeos ditos experimentais), que a produção teria esquecido exatamente da minha obra no momento de digitar a ficha pois não lembraram da estorinha que o meu vídeo contava, ou talvez o título seja muito grande e deu preguiça. Uma outra leitura do fato se resume em uma simples palavra: incompetência. Ah, esse mal que assola esta cidade.
O mesmo vídeo em questão, Desconforto ou qualquer título que lhe caia melhor; experimental, 15:18 min) também foi selecionado para outro festival em Sergipe, o “curta na TV” da fundação Aperipê, onde a fundação, EM CONTRATO, se predispunha a premiar com 100 cópias à cada realizador dos vídeo selecionado. Até hoje espero essas cópias, embora agora sem mais nenhuma esperança, pois pelo que eu tenho ouvido por aí, a Aperipê está contendo despesas (e o caso desses vídeos, suponho que não os interesse mais, a partir do momento em que o realizador sergipano, que deveria por direito ter o seu devido reconhecimento, apoio e respeito pela sua contribuição à cultura local (que não é somente feita de folclore / cultura popular), e sim toda e qualquer manifestação artística produzidas aqui nesta província. Nestes dois casos me sinto desrespeitado enquanto artista e sergipano que sou, concluindo aqui com algumas perguntas intrigantes:

É desta forma que se apóia e valoriza a cultura local?
O que finalmente resta para o artista sergipano?

Alessandro Santana, artista sergipano.

3 comentários:

  1. “Previsibilidade das coisas”
    Mais um modelo filiado dentro dos moldes arbitrários ainda remanescentes em nosso país?
    Então, porquê ao invés de ‘curta-SE festival’ não atribuir uma aparência mais fidedigna? tipo: ... SE froidA ou SE afligA ? [e que os pós-freudianos perdoem... sim! pq um site onde estou impedida de expressar o que penso ou registrar meu parecer,, o que resta diante do silenciado direito, além da possibilidade de ter a minha mensagem encaminhada [direto] para a lixeira do Centro de Estudos??
    MAL ORGANIZADO.. PRA LÁ DE MAL ENGENBRADO, se me permite.
    Uma mostra realizada ANUALMENTE [e fruto de parceria$$$....!!!] é cult demais pra minha cabeça.
    Fruto de patrocínios dos cofres privados e públicos (pois é meu irmão... promover o ‘incentivo cult’ virou slogan... êita!! Arretado incentivo de estratégia motivacional!!!). Se não é amor, suor e tentativa de olhar o mundo como uma obra [diante de todas as circunstâncias!] o que seria do artista sergipano e das tantas histórias ilustradas em obras que nos representam tão bem??
    Se nomear de “incentivo cultural” é mais “representat$vo” que pelo menos primem pela responsabilidade de garantir um evento ético (agora chamar de FESTIVAL.. FESTIVAL DO QUE...??? Se nem todos os SELECIONADOS foram representados por seus filmes pode chamar de qualquer vocábulo - com exceção de Festival-, pois entendo que parte de uma comunidade local não teve voz mediante execução de suas suadas obras.

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  2. Não significa que os erros sejam acontecimentos intoleráveis [ não!!!].. Os desvios são partes de um processo de melhoria e progresso, porém se tais condutas ferem direitos [diante de um agir permissível], em que o descuido impede a exposição de obras - previamente selecionadas - de um artista que acaba compelido moralmente... aí no mínimo espera-se da produção a publicação de um pedido de retratação! [uma resposta!!!... será que a resposta logo surgiu, após o GRITOO do artista???].
    Eu [como expectadora] também mereço um pedido de desculpa, uma vez que respingou em mim e o meu olhar não pôde contemplar [... se enriquecer] em virtude da interdição envolvendo os filmes sergipanos.
    Sigamos o protocolo:: de acordo com o regulamento: “Cabe à Direção do Festival a solução de qualquer caso omisso” ... E então, como é que ficou? Por favor, informem a fim de que saiba se foi [ou não] só mais um critério instituído para compor texto! “Sobrenome trocado na lista de circulação interna para controle das credenciais...” Isso é sério! Caso a comunicação interna do “festival” atribua um sobrenome errado, como reivindicar a autoria da minha própria obra? Por meio do constrangimento, enfiando as mãos pelos bolsos a procura de documentos?
    Atuação [de “profissionais”] desprovida de compromisso com o artista sergipano e com a sociedade, a meu ver. Entretanto, acredito que um ou outro artista deve ter permanecido sentado na plataforma da imparcialidade, diante da sedução impelida: Mostras COMPETITIVAS... não descorde que no imaginário permeia a noção de rivalidade por meio da palavra sutilmente empregada.... [aliás, termo que – em passos pequenos - vem sendo substituído por conta de desvirtuações e dos seus efeitos perversos]. Ou melhor, termo empregado que inviabilizaria o próprio objetivo kkk [se este não fosse apostrofado por um raciocínio indicioso e viciador]

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  3. - eis o objetivo: “O Curta-SE 9 tem por finalidade LEVAR AO PÚBLICO SERGIPANO a produção de cinema e vídeo iberoamericana, e o intercâmbio entre os realizadores brasileiros e os países ibero-americanos”.
    Sim, lindo! Lindo! Mas fale melhor desse tal “intercâmbio”, pois não foi bem aclarado no objetivo... [INTERCÂMBIO = tipo,,Relações estendidas? = Trocas??]
    Pois se o sentido for de troca, então foi descuido não esclarecer que este público – Sediador e PRODUTOR SERGIPANO – tem capacidade para CONDUZIR, PRESENTEAR, CEDER, POSSIBILITAR novas construções e olhares aos nuestros hermanos [sejam hispânicos, mexicanos ou lisboetas e coimbrenses de Portugal]
    Quando o propósito é troca, cooperação, construção... a premiação transcende o mero valor material para o conhecimento imaterial (é ai que mora a jogada!!! “APARELHO DE MEMORIAR”)
    Demagogia e hipocrisia como instrumento, sob a égide de “incentivos culturais”??? talvez...
    Não obstante, a casa curta-SE necessita rever construções a respeito do que concebe como ResponsabilidadeSocial.com (.com...??? a serviço de quem? em nome de quê?)
    “A CULTURA COMO DIREITO SOCIAL”??? como assim!? explica como se dá o funcionamento disso aí?
    Portanto, sugiro que tome cuidado com os mecanismos de engodo implícitos na essência de praticas inadequadas, as quais suprimem qualquer possibilidade de expectativa de promoção da cultura local. Caso contrário, o caos implícito na atuação de muitas pessoas “esclarecidas”, cujo discurso se dissolve na inércia e passividade, da falta de ações e do descompromisso, fará a produção nunca transcender as burradas e os equívocos medíocres da era paleozóica [parafraseando Alessandro Santana]
    Perguntas que ainda permeiam as nossas reflexões: - “É desta forma que se apóia e valoriza a cultura local? O que finalmente resta para o artista sergipano?”

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