terça-feira, 4 de setembro de 2007

Snooze ao vivo em Aracaju



















Na foto, Snooze ao vivo - mas não em Aracaju.

Aracaju, Sergipe, bandeirolas por toda a parte, clima chuvoso, show da snooze. Tradição no ar. Tradição popular, festejos juninos, tradição “underground” – trata-se de uma das mais antigas bandas de rock ainda em atividade na cidade, 10 anos recém-completados. Mas um elemento novo fez dessa uma noite especial. Como bem lembrou o guitarrista Clinio Jr., esse era, de certa forma, uma espécie de recomeço para eles, tendo em vista que se tratava do primeiro show de sua história sem a presença do baixista e vocalista Fabinho, que foi começar vida nova em Sampa. Um marco zero, e a julgar pelo que vi e ouvi naquela noite, um belo recomeço. O outro guitarrista, Marcelo , assumiu a maior parte dos vocais, e se mostrou um substituto à altura. O mesmo pode ser dito do novo baixista, Duardo – não por acaso, ambos egressos do Vitais, um dos muitos grupos que se formaram nesses dez anos influenciados pelo snooze. Rafael Jr, baterista, único membro remanescente da formação original, deu o tom da festa, apresentando as novas musicas e as novas roupagens para as antigas. O mesmo bom e “velho” guitar sound à la Teenage Fan Club com pitadas de surf music e punk rock executado com maestria e entrega. Mostraram-se bem ensaiados e perfeitamente entrosados, com um repertorio enxuto equilibrando com perfeição todas as fases do grupo – inclusive a novíssima fase, muito bem representadas pelas novas composições, algumas delas assinadas pelo novo vocalista – que já está há algum tempo na banda, como guitarrista. Completando o show, um cover do Guidede By Voices atesta que o lado didático da banda, que sempre apresentou ao publico roqueiro aracajuano o que há de melhor na cena independente mundial, continua intacto. O povo gostou, aplaudiu, urrou e pediu bis. A julgar pela recepção à nova formação, o futuro está garantido. Num mundo tão cheio de mudanças para pior, é bom saber que algumas boas coisas da vida continuam as mesmas. Século 21, aí vamos nós!Completaram a noite uma banda que eu não vi, e a julgar pelas impressões dos presentes não perdi muita coisa, o BRINDE, de Salvador, que faz uma espécie de power pop cantado em português repleto de lugares-comum e clichês de todos os tipos, tudo emoldurando ridículas letras de amor adolescente tardio, e a sensacional PLASTICO LUNAR, que merece alguns comentários à parte: Fazem um som totalmente voltado ao psicodelismo dos anos 60, obviamente influenciados pelos mutantes e tudo o mais que houve de bom por aqueles tempos, mas com uma incrível capacidade técnica e excelentes composições e presença de palco. O único senão, para mim, são as letras que, apesar de estarem perfeitamente inseridas na tradição e no contexto do estilo por eles encampado, me soam um tanto quanto anacrônicas e hippies demais para o meu gosto – frise-se, no caso, o MEU gosto pessoal. Fosse o mundo mais justo, esses caras já teriam um disco lançado pela Baratos Afins (que seria uma espécie de lar natural para eles) e pirateado mundo afora, com turnê marcada pela Europa e pelo Japão e tudo o mais que uma banda cult tem direito. Mas como o mundo é injusto, e nós precisamos nos acostumar com isso, eu fui embora antes do fim do show, pelo simples motivo de que já vi a banda ao vivo milhares de vezes e já conheço o repertório do show de trás para frente.

Terraço do mercado municipal, 29 de maio de 2004

originalmente publicado no site "Dissonancia"

por Adelvan k

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