Necro "Na Brasa" |
Renegades abriu a noite no palco depois de uma discotecagem bacana de Inês Reis, “a garota da capa”. Matando a pau, como sempre. Na seqüência a Necro, que é, provavelmente, a banda “de fora” que mais bate ponto por aqui – e isso é ótimo! Apresentaram mais uma vez para um público diminuto o impressionante repertório de seu novo disco, já gravado mas ainda não lançado. Como com eles não tem tempo ruim, foi um show épico, acachapante e chapante, dividido em duas partes: na primeira, com Lillian na guitarra e Pedrinho no baixo, mandaram um set já conhecido de todos, com músicas dois dois primeiros álbuns lançados em glorioso vinil pela gravadora norteamericana Hydrophonic Records e em CD pela Baratos Afins, de São Paulo. Foi bom, mas meio desleixado – dá pra notar que eles já não estão mais muito a fim de tocar aquele material.
O bicho pega pra valer quando Pedrinho empunha a guitarra e começa a debulhar as novas composições, absolutamente sensacionais! A pegada é outra, mais ágil, menos “doom” e arrastada, mas ainda exalando um delicioso cheiro de mofo oriundo dos confins do que de melhor foi feito no rock “brazuca” das décadas de 1960 e 70 por nomes como Mutantes, O Peso, Módulo 1000 e O Som Nosso de Cada dia. Opção estética “retrô” vitaminada por uma energia contagiante, coroada pelo imenso talento do trio – Lillian segue destruindo nas 4 cordas enquanto divide os vocais com Pedrinho e ambos são conduzidos pela percussão poderosa de Thiago Allef. Sério: eu sinto até pena de quem ainda não os viu ao vivo, nesta nova fase. É impressionante – e difícil de descrever ...
Ficou difícil também pra Catarina Dee Jah segurar a onda, mas ela não se fez de rogada e, metida num figurino “colante” e estiloso, mandou ver numa outra “vibe”, bem mais dançante e flertando com ritmos populares. Aos poucos, foi conquistando os que sobreviveram ao massacre sonoro das bandas de abertura, com a ajuda de sua competente banda, os ”Radicais Livres”, que ela mesma informou nunca ter visto tocar com tanto “punch”. Encerrou com um inusitado “pout-pourri” de músicas dos Garotos Podres recriadas no seu estilo “guerrilheira cultural”, sem medo de ser feliz.
“Eu tento, mas Aracaju não facilita”, foi a resposta de Adolfo à minha admiração pelo capricho da produção – em parceria com a “Então Pronto”. Por isso mesmo é preciso louvar quem, como ele, não se deixa abater pelas dificuldades e corre atrás dos seus sonhos. Na raça, com a cara e a coragem.
“Viva La Brasa”, o livro, é uma coletânea de textos publicados originalmente no blog de mesmo nome, na revista Cumbuca e no Cabrunco, um fanzine da década de 1990. A edição é caprichada, em papel de qualidade e com uma diagramação que, de tão boa, pode ser considerada, por si só, uma obra de arte – de Gabi Ettinger, também responsável pela capa e pelo projeto gráfico. Fala de tudo, ou do que der na telha do autor: do surf, uma de suas paixões, ao rock, passando por acidentes de moto, mordidas de cachorro – “caiu da moto?” -, terrorismo editorial “Tarja preta”, sua amizade com Allan Sieber - com quem já dividiu um muquifo na cidade “maravilhosa”; Bezerra da Silva, Joacy jamys, Pitty (“porra, Adolfo, “menina dos olhos do rock baiano”?”); fanzines, B-Negão, Planet Hemp e Marcelo D-2, Mundo Livre S/A e Zenilton (“Eu quero mais é morrer de AIDS e emaconhado, comendo essas menininhas novas”); Luiz Eduardo; Lauro; as conturbadas passagens do Ratos de Porão por Aracaju; Mônica Mattos – “produto nacional tipo exportação”; Grande Hotel – “Nostalgia turva e futurismo estridente”; Nação Zumbi “na hora da zona morta”; puteiros e putarias do centro da cidade; Jaguar; Merda, Leptospirose e ossos quebrados e Joana Côrtes ...
E Mudhoney no Pelourinho, Plástico Lunar no Abril pro rock, Eddie na Sessão Notívagos; Lacertae; Fúria – CARALHO!; SHA-LA-LA (Snooze); Thiago Neumman “Cachorrão”; Jamson Madureira; Rick Griffin; Ellen Roche & The Black Keys; Reação reggae roots; Música Popular Brasileira, Adelvan Barbosa (eu!) e o programa de rock; Condomínio Jardim Imperial (Ofício no. 02/2000, 04 de janeiro); Michael Menezes e os Ramones; Flavio Flock; Marcos “Meleka” e o Plano B da Lapa; Marcha da maconha; Scarlett Johansson nua; punk indonésio; Cabaret dos Insensatos; Marcha das Vadias; “Buceta Treta”(Pussy Riot); Leptospirose no Clandestino; The Baggios na estrada; Adilson Lima e os quadrinhos sergipanos; a Avenida Oceânica da Barra dos Coqueiros; passagens de sua vida pessoal, como o emocionante texto em que conta sua relação com o irmão, falecido, e as peças plásticas com formato de cruz que assustam os donos das motos CG 150 Titan.
Há também muitas – e boas – Histórias em quadrinhos – algumas delas escritas e desenhadas por ele mesmo! – e muitas – algumas muito boas – entrevistas: com Schiavon – o cartunista, não o o tecladista do RPM -; Binho Nunes, o “corvo surfista”; com a Gangrena Gasosa (por Marcio Sno); Stephan Figueiredo – outro surfista; Adão Iturrusgarai, Daniela Rodrigues, Gabriel Thomaz, Júlio Adler – mais um surfista; Eduk, do DeFalla – a mais insana, claro; Leonardo Panço, Julico da The Baggios, Silvio da Karne Krua (e da Máquina Blues, Logorréia, Casca Grossa, Cruz da Donzela, Words Guerrilla e ETC), Pablo Carranza e Catarina Dee Jah – “Conhece Aracaju?” “Ainda não. É uma pena que seja tão difícil tocar nos estados vizinhos com estrutura profissional e equipe. Mas a noite é curta e a vara é longa. Se você me perguntar se aquela pirralha que atravessava as pontes do Recife sozinha para ver Chico e sua gangue tocando imaginava aonde a música a levaria, eu digo com certeza que ela não fazia idéia. Viva a música feita de coração e fúria!”
O bicho pega pra valer quando Pedrinho empunha a guitarra e começa a debulhar as novas composições, absolutamente sensacionais! A pegada é outra, mais ágil, menos “doom” e arrastada, mas ainda exalando um delicioso cheiro de mofo oriundo dos confins do que de melhor foi feito no rock “brazuca” das décadas de 1960 e 70 por nomes como Mutantes, O Peso, Módulo 1000 e O Som Nosso de Cada dia. Opção estética “retrô” vitaminada por uma energia contagiante, coroada pelo imenso talento do trio – Lillian segue destruindo nas 4 cordas enquanto divide os vocais com Pedrinho e ambos são conduzidos pela percussão poderosa de Thiago Allef. Sério: eu sinto até pena de quem ainda não os viu ao vivo, nesta nova fase. É impressionante – e difícil de descrever ...
Ficou difícil também pra Catarina Dee Jah segurar a onda, mas ela não se fez de rogada e, metida num figurino “colante” e estiloso, mandou ver numa outra “vibe”, bem mais dançante e flertando com ritmos populares. Aos poucos, foi conquistando os que sobreviveram ao massacre sonoro das bandas de abertura, com a ajuda de sua competente banda, os ”Radicais Livres”, que ela mesma informou nunca ter visto tocar com tanto “punch”. Encerrou com um inusitado “pout-pourri” de músicas dos Garotos Podres recriadas no seu estilo “guerrilheira cultural”, sem medo de ser feliz.
“Eu tento, mas Aracaju não facilita”, foi a resposta de Adolfo à minha admiração pelo capricho da produção – em parceria com a “Então Pronto”. Por isso mesmo é preciso louvar quem, como ele, não se deixa abater pelas dificuldades e corre atrás dos seus sonhos. Na raça, com a cara e a coragem.
“Viva La Brasa”, o livro, é uma coletânea de textos publicados originalmente no blog de mesmo nome, na revista Cumbuca e no Cabrunco, um fanzine da década de 1990. A edição é caprichada, em papel de qualidade e com uma diagramação que, de tão boa, pode ser considerada, por si só, uma obra de arte – de Gabi Ettinger, também responsável pela capa e pelo projeto gráfico. Fala de tudo, ou do que der na telha do autor: do surf, uma de suas paixões, ao rock, passando por acidentes de moto, mordidas de cachorro – “caiu da moto?” -, terrorismo editorial “Tarja preta”, sua amizade com Allan Sieber - com quem já dividiu um muquifo na cidade “maravilhosa”; Bezerra da Silva, Joacy jamys, Pitty (“porra, Adolfo, “menina dos olhos do rock baiano”?”); fanzines, B-Negão, Planet Hemp e Marcelo D-2, Mundo Livre S/A e Zenilton (“Eu quero mais é morrer de AIDS e emaconhado, comendo essas menininhas novas”); Luiz Eduardo; Lauro; as conturbadas passagens do Ratos de Porão por Aracaju; Mônica Mattos – “produto nacional tipo exportação”; Grande Hotel – “Nostalgia turva e futurismo estridente”; Nação Zumbi “na hora da zona morta”; puteiros e putarias do centro da cidade; Jaguar; Merda, Leptospirose e ossos quebrados e Joana Côrtes ...
E Mudhoney no Pelourinho, Plástico Lunar no Abril pro rock, Eddie na Sessão Notívagos; Lacertae; Fúria – CARALHO!; SHA-LA-LA (Snooze); Thiago Neumman “Cachorrão”; Jamson Madureira; Rick Griffin; Ellen Roche & The Black Keys; Reação reggae roots; Música Popular Brasileira, Adelvan Barbosa (eu!) e o programa de rock; Condomínio Jardim Imperial (Ofício no. 02/2000, 04 de janeiro); Michael Menezes e os Ramones; Flavio Flock; Marcos “Meleka” e o Plano B da Lapa; Marcha da maconha; Scarlett Johansson nua; punk indonésio; Cabaret dos Insensatos; Marcha das Vadias; “Buceta Treta”(Pussy Riot); Leptospirose no Clandestino; The Baggios na estrada; Adilson Lima e os quadrinhos sergipanos; a Avenida Oceânica da Barra dos Coqueiros; passagens de sua vida pessoal, como o emocionante texto em que conta sua relação com o irmão, falecido, e as peças plásticas com formato de cruz que assustam os donos das motos CG 150 Titan.
Há também muitas – e boas – Histórias em quadrinhos – algumas delas escritas e desenhadas por ele mesmo! – e muitas – algumas muito boas – entrevistas: com Schiavon – o cartunista, não o o tecladista do RPM -; Binho Nunes, o “corvo surfista”; com a Gangrena Gasosa (por Marcio Sno); Stephan Figueiredo – outro surfista; Adão Iturrusgarai, Daniela Rodrigues, Gabriel Thomaz, Júlio Adler – mais um surfista; Eduk, do DeFalla – a mais insana, claro; Leonardo Panço, Julico da The Baggios, Silvio da Karne Krua (e da Máquina Blues, Logorréia, Casca Grossa, Cruz da Donzela, Words Guerrilla e ETC), Pablo Carranza e Catarina Dee Jah – “Conhece Aracaju?” “Ainda não. É uma pena que seja tão difícil tocar nos estados vizinhos com estrutura profissional e equipe. Mas a noite é curta e a vara é longa. Se você me perguntar se aquela pirralha que atravessava as pontes do Recife sozinha para ver Chico e sua gangue tocando imaginava aonde a música a levaria, eu digo com certeza que ela não fazia idéia. Viva a música feita de coração e fúria!”
“Viva La Brasa”, o livro, pode ser encontrado por aí, nas melhores lojas e banquinhas de material alternativo de shows underground. Nas piores também, talvez, mas só quando Adolfo resolver queimar o estoque. Em Itabaiana na TNT, no fundo do Murilo Braga. Em Aracaju na Freedom – Rua Santa Luzia, 151 – centro, próximo à Catedral.
Ou em http://vivalabrasa.com/
A.
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